Por Romário Becker Alcântara
“O pior cego é aquele que não quer ver!”, dizem os antigos, sabiamente. Pouca gente conhece a origem deste provérbio. Conta-se que no século XVII, na França,um aldeão chamadoArgel foi a primeira pessoa a receber um transplante de córnea, fato este que resultou em extraordinário sucesso da medicina à época. Ao enxergar, ele se tomou de um estado de horror com o mundo que passou a conhecer, bem diferente do que imaginava quando vivia na escuridão da cegueira. Então, solicitou ao cirurgião que o operou a extrair-lhe os olhos, pois preferia voltar a ser cego. “Não quero mais ver os horrores que permeiam este mundo!”, supostamente disse. Com a recusa do médico, apelou peranteos tribunais de Paris e do Vaticano, e obteve ganho de causa. Passou então a ser conhecido como “o cego que não quis ver”.
Partindo dessa história, pode-se afirmar, primeiramente, que Argel, há algum tempo (e sem sombra de dúvidas!), é a representação fidedignado BrasilianischeVolkgeist. Parafraseando o alemão Savigny (Escola Histórica Alemã de Direito, manja?), eu quis dizer “o espírito nacional brasileiro”. A cegueira que toma o povo brasileiro, em geral, é iluminada nesta escuridão mental pelos poucos que ainda querem ver – e relatar – os horrores das políticas governamentais ditas públicas e sociais, o descalabro das contas públicas, et caterva. Antes fosse de parcela da população, contuda ela atinge praticamente todos os segmentos sociais!… De toda forma, cá estou não a falar em “bolsas” dos mais variados gêneros, muito menos dos mandos e desmandos provindos de Brasília – e suas respectivas consequências. O foco aqui é a iminente crise econômica que está por vir – e que, mesmo assim, poucos querem acreditar.
Lembram-se da “marolinha” que o crustáceo petista pronunciou em 2008? Pois bem: virou tsunami. E irá nos engolir. Talvez dê pra nadar nesse caos todo e salvar alguma coisa – a começar, pela própria pele. Não adianta acender velas, já digo. Um dos mais antigos “axiomas de Zurique” é: “quando o barco estiver afundando, não reze, abandone-o!”. E é exatamente o que os investidores estrangeiros, e outros agentes brasileiros especializados no mercado financeiro estão fazendo: dando o fora enquanto é tempo!
“Ah, mas a Bolsa até que tá subindo!”, claro, mas só quando a ‘presidente’presidentaDilma cai nas pesquisas eleitorais. “Ah, mas o IPCA nem passou dos 7%!”, espere só então quando os preços de produtos controlados pelo governo mediante estatais tiverem que ser reajustados, isto é, quando eles ‘descongelarem os preços’ (saudades, Plano Bresser!). “Ao menos a Taxa SELIC está sob controle!”, nem preciso dizer que vão aumenta-la quando as taxas dos títulos norte-americanos começarem a subir, e assim, havendo enxugamento de dólares no mercado, isso tudo nos levará até uma situação onde o dólar paira, no mínimo, a R$2,50.
Estamos no fundo do poço? Não. Tem um porãozinho aqui, sabe… E ele é mais úmido do que parece. Bom se a crise fosse apenas ao que tange os aspectos financeiros, ou ainda, que fosse apenas “uma ressaca que foi continuada por um ‘alemão teimoso’ (pleonasmo)”. Digo isso porque, de fato, a crise é institucionalizada. Vamos aos fatos!
Recentemente, a Empiricus Research, consultoria altamente especializada em finanças, mercado de capitais, gerenciamento de recursos, etc, foi “obrigada” (para não dizer “imposta”) pelo Tribunal Superior Eleitoral a ter que remover sua publicidade sobre “O Fim do Brasil”. O que seria um eco de alerta em meio ao marasmo de informações concretas que nos toma neste “deserto amazônico”, tornou-se abafado tão logo quanto se pode. Os fatos não param por aqui!…
Por outra banda, o Banco Santander, que fez pesquisa de mercado parecida com esta, e que enviou um emergencial e-mail para irrisórios 0,18% de seus clientes avisando sobre o futuro das finanças brasileiras, foi também “obrigado” (leia-se: calado) a se retratar perante a corja neocomunista tupiniquim que assola o Planalto Central, e ainda, de quebra, anunciou “cortes” na equipe que premedita acerca dos avisos. Funcionários que deveriam receber um merecido aumento pela proatividade de serviço, e pela solidariedade aos bolsos alheios, foram demitidos “por justa causa”. Santa Madre!
Eu poderia ficar horas a falar de cada uma das notícias que chegou a público – fora as que não chegaram, é claro –, porém, isso tornaria cansativa demais esta “anedota de galpão”. Mais cansativa, até, que a vida de um típico cidadão brasileiro, que sua a semana inteira no serviço – e alguns até conseguem a façanha de estudarem no turno inverso – e vê sua poupança dizimada com a inflação (não) oficial medida pelo IGPM.
Enfim, fica o recado, meus caros leitores, de continuaram todos nós, sejam liberais ou libertários das mais diversas causas, a combater o “inimigo comum” que há entre nós: o “dragão” da inflação foi novamente invocado, os militontos militantes pró-governo estão comandando esta “armada”, e isso tudo fortemente nos ameaça, caso queiramos ter um futuro digno, tanto para nós quanto para nossos filhos.
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